sábado, 31 de dezembro de 2011

Laços

As festas de final de ano, renovam os laços.
Reforçam os afetos. Resgata a família.
Estive na casa do meu pai por alguns poucos dias e voltei com as baterias recarregadas.
O aconchego do meu pai, o riso delicioso do meu neto, meu filho, minha nora, meus irmãos e sobrinhos, minhas afilhadas, os amigos... e até a saudade que a mamãe deixou, tudo muito bom e precioso.
Cada um, tem uma peculiaridade que me toca de modo diferente. 
A determinação herculana do meu pai, mesmo muito doente, em se manter na liderança da família, como se fosse possível perder essa característica e ser destituído...
A fragilidade da minha irmã, enfrentando seus desafios pessoais, mas ainda assim, disposta a sorrir e acolher a todos...
A força do meu irmão, em se desdobrar para fazer o seu melhor e se doando irrestritamente à família...
Minha cunhada, meiga e sutil, apoiando e guardando meu irmão, os filhos e a família, para que todos possam viver em harmonia...
Meu filho, sempre procurando agradar, lutando para não demonstrar suas limitações afetivas, na defensiva, como se não se importasse com todos os valores que possui e com os quais se importa verdadeiramente...
Minha nora, doce, generosa, delicada e presente, interagindo e procurando conciliar sempre...
Meu neto, maravilhoso, sorridente... herdou a leveza da mãe e é exigente, como o pai... Antonio é um capítulo à parte: Um ano e nove meses, de vitalidade e tem um brilho próprio, sensacional... nunca imaginei que ser avó fosse algo tão bom. É mágico!
Meus sobrinhos, cada qual com sua característica individual: Jefferson, o mais velho deles, bem resolvido, com a esposa Lívia e a filha Bruna, sabe como tirar o melhor que a vida oferece; Rodrigo com a esposa Angélica, enfrenta a dor da perda do filho Pedro, como o guerreiro busca forças onde ninguém mais pode alcançar; Larissa, amorosa e frágil, mas inteligente e com personalidade marcante; Michael, com o filho Lourenzo, circunspecto, apartado, mas atento; Mateus, sempre delicado e atencioso com todos; Victor, o mais novo, ainda muito jovem, para se ocupar da família que se ocupa dele com alegria; Talita, minha afilhada e sobrinha, gentil e carinhosa, está buscando os próprios caminhos; Priscilla, a outra afilhada, se empenhando para dar o melhor de si às filhas Vitória e Júlia, ainda pequenas; Meus amigos, Luiz, André, suas famílias, minha "Big" amiga, Ana Lúcia, sempre pronta a agir, de modo eficiente... minha querida Bete, os filhos, a vida difícil, os parentes (tios e primos)... enfim, todos têm na minha vida, uma importância que não podem calcular, mas o fato é que estar com eles, renova minhas energias e me prepara para mais um ano.
Se não fosse a família e os amigos (até os virtuais), de que valeria a vida, não é mesmo? 
Até na adversidade, é com a família e os amigos, que eu cresço e me fortaleço.
Então, a você que me prestigia aqui, desejo que também reforce seus laços e renove suas energias para o próximo ano.

Feliz ano novo e bom dia!


domingo, 20 de novembro de 2011

Ponderações

Eu não preciso do vento, para lembrar que você também pode passar.
Não preciso da chuva, pra me lembrar que você pode fazer chorar.
Dispenso o sol, porque sei perfeitamente o calor que você pode me dar.
Mas o frio, tem sido meu companheiro, desde que você entrou por aquela porta. Por que?
Se a minha companhia não te interessa, então, porque insiste em cultivar minha atenção?
Decida-se quanto a importância da minha existência na sua vida. No que eu faço diferença pra você?
Eu conheço seus pensamentos, pela forma como você se desvia, mas me pergunto, se você faz a menor idéia de quais sejam os meus...
Acho que você não sabe, mas sempre agradeço a fonte inesgotável de inspiração, pois é da decepção diária, que tiro forças para falar das suas banalidades.
Minha presença, não se pulveriza, pois tenho a força da determinação, mas poderá ser tarde, quando você se virar para o lado na cama, buscando o meu aconchego, e perceber que eu já saí.
Também posso ser o vento, a chuva e o frio, porque pelo visto, você não se dá conta que hoje, sou o sol.
Posso passar, te fazer chorar, ou simplesmente, enregelar sua alma, mas hoje, te dou o meu calor, intenso e mágico...
Depende sempre daquilo que você espera de mim. Se é do isolamento que você gosta, então, posso ser o frio; Se prefere lamentar suas perdas, o que não faz muito o seu estilo, também posso ser a chuva, para fazê-lo chorá-las todas! Se não me quiser por perto, serei o vento, então...
Mas, se aprecia o calor que lhe dou, cuida da janela, para deixar o sol entrar, mas cuida também da porta, para que eu não saia, porque se eu o fizer, não volto mais!

Boa tarde!

domingo, 13 de novembro de 2011

Imigrante

Quando ela saiu em direção ao porto, sabia que deixava também o seu bem mais precioso. 
Ele foi se despedir. 
Se abraçaram demoradamente, porque precisavam guardar a força daquele abraço, para sobreviver.
O navio partiu e ela calou.
Pensou em se jogar ao mar, mas depois, desistiu, porque a dor que sentia era maior e não queria que sua família herdasse esse quinhão.
Quando aprendeu a falar português, voltou a emitir alguns sons necessários ao convívio familiar, mas nunca mais pronunciou uma única palavra em italiano, pois elas tinham sido deixadas nos lábios dele.
Não se casou. 
O tempo passou, assistiu a toda a família, serviu, doou-se o quanto pode, sem ser amarga, mas sempre com o coração apertado, doído, fechado.
No dia em que um conterrâneo, convidado da irmã, veio para o jantar, mais uma vez, relembrou os lugares por onde passou na juventude, as colinas, o sabor das frutas, o perfume das flores e, surpreendeu a todos, quando falou pela primeira vez, depois de mais de setenta anos, em italiano, que ele poderia ser um neto do seu grande amor e por isso ela estava feliz em tê-lo na casa, à mesa do jantar.
Ao acompanhar o convidado até a porta, para se despedir, ela disse baixinho: "Io te voglio bene."
A esperança de que tivesse algum parentesco com o seu grande amor, lhe reascendeu a chama que aquece o coração.
Quando o visitante se foi, ela o acompanhou com o olhar, até que não pudesse mais vê-lo. Fechou a porta da casa, mas não o seu coração, como fazia todas as noites, deitou-se em sua cama, com as mãos sobre o peito, sorriu em paz e dormiu...

Boa tarde!

domingo, 6 de novembro de 2011

Despojos

Tá certo. Você não precisa insistir, porque de qualquer jeito, não vai me convencer! 
Sempre soube que era uma brincadeira. Lamento que tenha tomado o seu tempo, mas acredite, eu tinha esperança que fosse verdadeiro e intenso.
Jamais pensei no momento! Olhava a lua e não a ponta do meu dedo...
Você prefere me negligenciar, me distanciar; O que posso fazer para que seja diferente?
Fazemos escolhas, e nesse quesito, quem escolhe, sempre perde a opção que não quer.
Brincamos durante muito tempo, com nossos velhos sentimentos, e descobrimos que afinal, somos velhos demais para brincar.
Corremos dos nossos medos, enquanto eles sempre correm em nossa direção.
Sentimos o quanto é bom estar juntos, mas você prefere se manter afastado e não tenho mais forças para trazê-lo para junto de mim.
Insisto em que você se liberte das correntes que persiste em arrastar, enquanto te mostro "a insustentável leveza do ser"...
Agora, espero que desperte para uma vida diferente e recontada, com outras cores, com outros sabores...
Enquanto isso, fico aqui neste mundo que não é mais meu, desde quando você o invadiu, procurando pelo espaço que deveria estar tomado por você, mas a distância que mantém, o deixa vago e sem parâmetros.
Mas não sofro mais. Aprendi a não esperar tanto, por tão pouco...
Guarda a sua individualidade, porque em mim, não poderá mantê-la em si.
Vista-se da coragem que lhe falta e venha buscar entre os meus guardados, o seu elo perdido, para retornar ao único caminho possível:
A felicidade.

Boa tarde!

Constatação

Fiquei ali parada, olhando para aquela mulher de olhos empapuçados e cabelos desalinhados, que me olhava de volta, com ares de quem me conhecia melhor que eu mesma.
A desconhecida me obrigava a questionar se meus atos estavam me levando pelo caminho certo para alcançar meus objetivos e isso, por certo me trazia desconforto.
Não era preciso dizer nada, porque eu sabia que a resposta era não.
Repensei meus atos, vasculhei minhas lembranças, refiz caminhos percorridos até aqui, mas não vi nada do que eu pudesse me orgulhar... uma vida sem nenhum feito extraordinário, sem nenhum acontecimento que tivesse algum significado maior...
Lamentei em silêncio, o meu mundo vazio.
Quando então a mulher sorriu e me olhou meneando a cabeça, como se estivesse reprovando a resposta...
Então, voltei-me para todas as coisas simples que realizei na vida:
Com surpresa, relembrei momentos mágicos em família, o riso solto, de quando a gente era criança, as traquinagens, as coisas erradas que a gente jurava que papai e mamãe jamais descobririam, mas que sempre acabavam em castigos, as brincadeiras de rua, os amigos de infância...
Depois a adolescência e quantos amigos eu tinha (a maioria, mantida até hoje), quanto era requisitada para festas e trabalhos no colégio e quanto eu tinha sido referência para os meus irmãos...
Também me lembrei do meu primeiro casamento, a igreja cheia de amigos de longe, a família feliz e meus pais e irmãos, muito emocionados...
Claro, que a chegada do meu filho, também me remeteu às lembranças mais incríveis! O balbuciar dos primeiros sons, os primeiros dentinhos, os primeiros passos, a primeira arte...
Lembrei dos prêmios profissionais que recebi, das convocações, para resolver e administrar problemas, as soluções encontradas e o reconhecimento...
Recordei momentos difíceis superados, pessoas e animais amados que partiram, etapas vencidas da melhor maneira, apesar da dor da perda...
Também recomemorei a formatura do meu filho, com tanto prestígio entre seus colegas e professores, a encher de orgulho o coração de qualquer mãe...
As lágrimas pela partida da minha mãe, o sorriso do meu neto, renovando a vida, as formaturas e casamentos dos irmãos e mais tarde, dos sobrinhos queridos; Os sobrinhos netos nascendo, a partida precoce do sobrinho neto mais velho, o nascimento de outros bebês na família...
E quando olhei novamente para a mulher, eu sabia que a resposta certa era sim; Eu tinha feito o melhor caminho! 
Eu fiz o que podia fazer! Eu tinha dado o máximo para realizar pequenos feitos, que num primeiro momento, até podem parecer sem importância, mas todos foram vividos com alicerces verdadeiros e intensos.
A partir deles, construí a minha história. Vivi uma vida plena e enfrentei meus demônios pessoais, sem recuar diante das adversidades.
Sim, eu sou o produto do meu melhor, então, olhando cuidadosamente para o meu passado, tive a certeza de que faria tudo igual novamente. 
Descobri que a mulher agora, estava alinhada, penteada e sorria leve, mas sinceramente para mim, com a certeza que envelhecer, não precisa necessariamente ser um ato para esvaziar a alma, mas antes, um processo para armazenar nossas experiências e nossos feitos, que por mais simples que possam parecer, fazem toda a diferença diante daqueles que nos amam de verdade.
E afinal, a mulher do espelho, nem estava mais tão velha e tão desalinhada... agora, seus olhos não estavam mais empapuçados, mas tinham ainda algum brilho, o resquício da juventude...
Minhas lembranças a tinham revigorado!

Boa tarde! 

sábado, 29 de outubro de 2011

Amarras

Amarrar-me a você, não me fará mais sua do que sou.
Impedir que eu cresça, evolua e me destaque, não o fará mais "dono" de mim.
Então, pare de tentar apagar a minha luz, pois ela não depende da sua vontade.
Procure entender, que o amo, exatamente porque brilho. Se eu fosse fosca, opaca, não tivesse luz própria, não poderia jamais olhar para você, pois certamente também o seu brilho me cegaria.
Não estamos juntos porque somos pedras, mas por sermos vibrantes e intensos.
Eu não o amo como a mim mesma, mas o amo por si mesmo. Procure me amar, não como extensão, mas apesar de você!
Sinta no meu amor, a minha alegria que é estar ao seu lado e não veja o meu prazer de estar com você, como se fosse um dever, porque não é.
Não imponha o seu peso sobre o meu coração - que é mais frágil do que pode imaginar - pois se o fizer, me fará sucumbir.
Seja generoso ao me amar.
Seja gentil, ao me querer.
Seja doce, ao me contrariar.
Seja apenas um homem capaz de amar!
Se assim for, eis que as amarras se farão desnecessárias, posto o que me prende a você, é o amor que lhe tenho e não as imposições que me faz.
Quanto mais leve for o seu amor, maior será a minha vontade de estar ao seu lado. Pense nisso!

Bom dia!

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Incertezas

Se ele liga, me encho de esperanças. Se não liga, me pergunto onde errei...
Se sei onde está, baixo a guarda, relaxo... Mas, se eu ligo e ele não atende e não sei para onde foi, me cerco das dúvidas que não deveria ter.
Corro contra o tempo, para lhe encontrar, nem que seja por alguns minutos, mas as horas correm contra mim, quando estamos juntos!
Vejo estrelas e penso em seus olhos, mas tropeço em pedras, quando estou atordoada, buscando seu rosto em todos os rostos da cidade...
Que mundo é esse, onde os pares não podem simplesmente se encontrar e viver felizes para sempre?
Que ditadura é essa, em que amar, é me condenar às angústias de incertezas que me confundem?
Quero a estabilidade que tenho ao seu lado e que me desarruma toda, quando se afasta do meu abraço.
Espero que ele volte pela mesma estrada que o levou para longe... mas são incertos os seus passos...
Até quando, devo esperar por uma atitude, que ele não pode (ou não quer) tomar?
Sou mais inteligente que isso?
Não tenho mais convicção de nada, quando ele se afasta...
A única certeza, é que o sol vai nascer amanhã, quando o telefone tocar e ele me avisar que está voltando!
Então, recomeço a contagem regressiva, até o momento de nos afastarmos novamente, e toda incerteza se reinstalar, gerando em mim, a ansiedade que me consome até que ele volte na próxima semana...
O quero comigo!
Ele me quer ao seu lado!
O que precisamos mais, além desse querer que nos motiva um ao outro?
Ah... amar não é tão simples, mas deveria!


Bom dia!