quarta-feira, 22 de junho de 2011

Cumplicidade

Mais que casados, amantes, companheiros, a meu ver, um casal precisa ser cúmplice.
P'ra mim, a cumplicidade é a essência do amor. 
É a medida que estabelece o quanto o casal vai se querer. 
Enquanto houver cumplicidade entre o casal, nada os separa. 
Quando um deixa de ser cúmplice do outro, a confiança dá lugar às desculpas e cobranças, então, está na hora de encerrar o relacionamento, porque a partir desse momento, o outro começa a buscar fora, alguém que o complemente, que o encha de amor pleno e com quem possa estabelecer nova parceria.
O amor, para sobreviver, há que ser em terreno fértil de cumplicidade, onde olhares, cheiros, pensamentos, são cultivados pela confiança no outro e daí o corpo responde com satisfação ao toque, à entrega, porque tudo dá prazer.
Onde encontra cumplicidade, encontra espelho, anuência, aprovação.
Necessariamente, não precisam permitir tudo e aceitar tudo, um no outro, para serem cúmplices... mas a própria definição da palavra, nos remete à parceria, sociedade. 
Quando meu homem me toca e, sem pudor me entrego a ele, me doando por inteiro para o seu prazer e ele busca o meu corpo, para nele se entregar sem reservas, estamos estabelecendo um grau de cumplicidade que ultrapassa o físico e abrange nossa energia periférica, nos confrontando além, e são nossas almas que se enriquecem com essa harmonia.
Nesse momento, quando nos afastamos, nossos corpos retém na memória de cada terminação nervosa, aquela sensação de segurança e a certeza de que estamos seguros, nos permite prosseguir.
Ai, sentimos saudades do outro, quando nos afastamos. 
Nos surpreendemos, várias vezes durante um dia, pensando naquela pessoa, em seus beijos, em seu toque, no seu cheiro, na pressão exata do seu abraço...
Nosso último pensamento é para o outro; Nosso primeiro pensamento é do outro.
Hoje em dia, penso, as pessoas têm pressa. Não permitem que esses vínculos se estabeleçam e então, ao fazer sexo antes que exista o mínimo de cumplicidade entre o casal, só pelas mensagens químicas emanadas de um para o outro, perdem a preciosa oportunidade de criar uma parceria essencial.
Claro que as excessões existem, mas ai, essa sociedade já estava firmada desde outros tempos, eu acredito!
De qualquer modo, é muito bom, quando me sinto como a folha de papel, onde o meu companheiro vai traçar o perfil da sua história na minha vida e vice versa, porque enquanto houver entre nós a troca de olhares que nos permita confiar e acreditar um no outro, estaremos cultivando a cumplicidade e então, nos sentimos plenos, felizes e o amor vai se construíndo. 
Se for consistente a nossa cumplicidade, ele se estabelecerá robusto e frondoso, caso contrário, em algum tempo vai se dissipar e deixará de ser o que hoje está.
Bom dia!