sexta-feira, 23 de março de 2012

Fragmentos

Na medida em que avançamos pela estrada, nem nos demos conta dos resgates que fizemos, mas foram lembranças, saudades e alegrias que pudemos reviver em algumas horas.
Seguimos leves, recordando os fragmentos das nossas vidas, ora no contexto familiar, ora no âmbito de trabalho, individual, ou vivido juntos, mas nossa história estava ali, construída de pequenos detalhes, que foram juntados por toda uma existência.
Agora era o momento de confidências e não de cobranças, mas ainda assim, sempre emoldurado por muita leveza e alegria!
Do alto majestoso dos seus 88 anos, amealhou tanta sabedoria, tanta generosidade em distribuir esse conhecimento agregado à vida de emoções únicas...
Dividiu comigo, esses tesouros, que guardo no coração e na memória, pois a vida consiste nesse juntar de peças, como um mosáico colorido, dos membros de uma família, que interagem e a isso somam também os amigos, os afetos e desafetos, encontros e desencontros.
Tudo agora faz sentido; Tudo se apresenta como deve ser e a vida segue fértil, no amor que só o próprio curso pode guarnecer.
Que bom que pude viver esse momento!

Bom dia!

quinta-feira, 8 de março de 2012

Hoje

Hoje, é a data em que a mídia comemora a queda dos conceitos machistas que subjugavam as mulheres, que lutaram em alguns casos, até contribuiram com a própria vida, para chegarmos até aqui.
Não sou afeita a comemorar esta data, porque ninguém comemora o dia internacional do homem, e, como não aprecio concessões, do tipo: "tá, eu deixo você ser mulher, pensar, agir, sentir, ser capaz e tudo o mais, já que você quer tanto"...
Eu não preciso que me consintam! Eu sou!
Toda mulher que se situa, sabe que é muito trabalhoso, mas também compensatório, ser mulher hoje.
Conquistamos, a guisa da luta de ícones expressivos, como Frida Kahlo, famosa pintora mexicana, Tarsila do Amaral, artista plástica brasileira, Bettany Hughes, historiadora inglêsa da atualidade, Ana Neri, enfermeira, Anita Garibaldi, guerreira, Maria da Penha, vítima de agressões, Hortência, a nossa eterna cestinha, no basquete, Madre Teresa de Calcutá, religiosa, enfim, eu poderia passar o dia, citando médicas, políticas (de verdade), professoras, advogadas, mães, tias, avós, irmãs, trabalhadoras rurais, "margaridas", rainhas e princesas, uma gama de nomes fantásticos, que se destacaram na construção da nossa consciência coletiva e nos trouxeram até aqui.
Mas cada uma de nós, hoje, é única, porque temos a nossa história própria e nossa luta pessoal, e, a meu ver, é o que devemos comemorar, mas não uma ou duas vezes por ano e sim, todos os dias das nossas vidas, com nossos momentos exclusivos, de dor, sofrimento, ou sucesso e alegrias.
Pra finalizar, vou citar a frase de um homem, Charles Fourier: "O grau de civilidade de um povo se mede pelo grau de liberdade da mulher." 
Assim sendo, eu comemoro com você, mas não porque hoje é o Dia Internacional da Mulher. Antes, porque SOMOS MULHERES!!!

Bom dia!!!
  

domingo, 4 de março de 2012

Vigília

Velei o seu sono, a noite toda. Muito bom vê-lo ali, finalmente dormindo seguro, ao meu lado.
Não que não possa se defender sozinho, mas é que me sinto mais segura quando ele está comigo. Segura por ele e não por mim.
Dormiu tranqüilo, apesar do calor. Claro que providenciei o ventilador para amenizar, mas receava que estranhasse o leito.
O cansaço que sentia, ajudou bastante, porque simplesmente entregou-se ao sono.
Sempre o quis assim, comigo, para dormirmos e acordarmos juntos. 
Durante a noite, ele me buscava, para que o abraçasse e isso, me enchia de alegria, pois mesmo dormindo, manifestou que deseja a minha presença, o meu carinho.
A premência do amor não se cumpre só pelo contato físico, quando consegue ser abrangente, corpo e espírito afinados, sem que nenhum ajuste fosse necessário.
Foi como se tivéssemos feito isso por toda a vida.
Ele se virava e me puxava para junto de si, ou quando eu me virava, ele se aproximava, reclamando que nos mantivéssemos abraçados.
Ali, eu velava o repouso do guerreiro, sem as armas necessárias para o enfrentamento do dia, como quem zela pela criança desprotegida, mas, ainda assim, sentia que estava sendo guardada, aninhada.
Na juventude, não me recordo ter experimentado nada igual, longe da sofreguidão do corpo, clamando por braços e abraços, enquanto agora, sem essa urgência, consigo a plenitude do simplesmente ser.
E ao raiar do dia, distanciados pela escada que me leva ao andar superior, sorrio, apaziguada por sabê-lo ali, tão próximo, mas ainda se estivessemos distanciados por quilômetros, seria comigo, porque nos completamos.

Bom dia!!!