domingo, 18 de julho de 2021

ESCOLHAS

Fico aqui pensando sobre todas as escolhas que fiz ao longo da minha vida, desde a adolescência...

O que teria resultado, por exemplo, se eu tivesse escolhido ser normalista (que formava professoras), em vez de seguir com o antigo curso científico (atual segundo grau)?

O que teria sido de mim, se em vez do Carlos Henrique, eu tivesse namorado o amigo dele? Ou então, se eu tivesse namorado outro vizinho e não o Marco Antonio?

Se o Miguel não tivesse saído da minha vida, sem me dar explicação, e como teria sido, se eu me casasse com ele e não com o pai do meu filho...

Se eu tivesse concluído o curso de sociologia, ou de jornalismo, em vez de me formar em direito, e continuasse na TV, em vez de voltar para São Paulo para advogar? 

Podia ter continuado em São Paulo, onde nasci, mas escolhi voltar para Uberaba, Minas Gerais, depois de alguns anos, porque as coisas não estavam boas por lá. Mas fiquei pouco tempo e logo voltei para a capital paulista,

Além das minhas escolhas, é claro que tive também momentos circunstanciais, em que eu tomei decisões, porque a situação exigia, como quando uma tia querida precisou e eu voltei para São Paulo, por ela. Fiz uma escolha, por certo, mas que era contingencial.

Depois, eu segui meu caminho, sempre escolhendo, infelizmente, mais por impulso do que por decisão racional e avaliação de possíveis consequências.

Decidi morar em outro lugar e escolhi Florianópolis, onde cheguei de caminhão de entrega de jornais de uma empresa de divulgação de notícias e carregava comigo 3 caixas de papelão com alguns livros, pertences pessoais e utensílios de cozinha, porque pensava que se eu fosse morar em algum apartamento dividido com outras pessoas, provavelmente precisaria dessas coisas.

Em algumas circunstâncias, fui impelida a agir, sem efetivamente escolher, na base do "é o que temos para hoje". Porém, ainda assim, poderia não ter agido. Poderia ter esperado para ver o que aconteceria, contudo, nem sempre o preço a pagar por não fazer nada, era menor e fazer algo se tornava imperativo e eu acabava por tomar outro caminho.

No sul, fiz amigos, realizei projetos, batalhei e posso dizer que venci, até que mais uma vez o ciclo da vida foi se movendo e fui despencando, me despedaçando, perdendo o chão e me enfraquecendo, me afugentando e sentindo incapacitada para prosseguir. Escolhi deixar a vida que tinha lá e voltei a Minas.

Tudo na vida é escolha. Mesmo não fazer nada é uma tomada de decisão. Meu estilo nunca foi ficar acuada, com peninha de mim, mas sempre fui impelida a tomar atitude.

O que difere quem toma atitude de quem espera, é a capacidade de escolher.

Assim, sigo meus dias, agora mais madura, mais fragilizada diante dos desafios, mas ainda fazendo escolhas, só que desta vez, escolhi envelhecer ao lado do meu filho e meus netos. Não tem sido fácil, mas não posso dizer que tem sido difícil. Vou levando...

Agora, é a vida que escolhe e eu só me limito a seguir o que ela estende a minha frente, sem olhar para lado nenhum. Apenas aceito. Esta aceitação é uma escolha, porque a vida é feita de escolhas.