segunda-feira, 13 de junho de 2011

Namorado

A realização, não consiste simplesmente no êxito do seu projeto. Depende de uma série de fatores, passando inclusive pela aprovação das pessoas a quem se deseja impressionar.
Constantemente, as pessoas tentam me impressionar com o mal feito, ou o feito pela metade, esperando a minha aprovação e o meu apreço.
Não posso. Simplesmente, não consigo!
Não é da minha natureza, aceitar o pouco. Como diz o poeta (acho que Caetano), muito pra mim, é muito pouco!
É como quando eu sou boa, eu sou ótima, mas quando eu sou má, sou melhor ainda!
Sei que é perverso, mas não posso evitar!
Alguém que tenha a intensão de me impressionar e queira a minha aprovação, precisa de muito mais que mediocridade!
Eu 'tenho' um 'namorado' (vou chamar assim, na falta de uma definição menos complicada para a relação), que tem o perfil do homem a quem eu já teria mandado para o espaço há séculos! Aliás, nem teria me relacionado com ele!
É canastrão, mentiroso, vive assumindo mais compromissos do que os que pode administrar (que o impedem de estar comigo); diz que vai ligar e não liga; diz que virá e não vem; vive me "enrolando", tem relações mal resolvidas com um monte de mulheres... é, não leu errado, eu escrevi um monte de mulheres!
Não obstante, pasme: EU ACEITO!!!!
Ai todos afirmariam que estou apaixonada, ou fiquei realmente doente mental. 
Justo eu, tão exigente e radical com meus posicionamentos (e quem me conhece, sabe que uma vez que eu não aprove determinado comportamento em qualquer relacionamento - seja afetivo, familiar, de amizade ou profissional, jamais permito a menor possibilidade de eu me manter sócia da outra pessoa, na minha infelicidade), como posso, suportar alguém que faça tudo isso e ainda com o meu consentimento?
Tanto faz. Posso até estar apaixonada, ou louca, o que daria no mesmo, não fosse o senso lógico que tenho, para discernir absolutamente meus sentimentos.
Não pense que a permissão e "vistas grossas", para com a promiscuidade do 'meu namorado', seja por não gostar tanto dele ou gostar menos de mim! Passa bem longe disso.
Gosto muito do meu namorado, mas gosto muito mais de mim mesma, e explico porque consinto que ele faça e aja como descrevi, sem que eu reaja:
Ele não se encaixa em nada que se possa desenhar como padrão. Não está pronto. Não copia ninguém.
Não busca me impressionar com clichês, não se desculpa pelo atraso, por ter dito que viria e não veio, por ter dito que ia ligar e não ligou, por não saber que faltou, mas por ter bom senso e noção que o pedido de desculpas, não vai mudar o que já fez e nem minimizar o que ele vai fazer novamente.
Apesar da idade cronológica denotar maturidade, ele é uma criança. Hiperativo, inteligente e muito traquina, "levado", mesmo!
Homens e principalmente as mulheres se encantam, porque naturalmente, ele é único, envolvente e muito sedutor. 
Ah, com relação às mulheres, ele não tem atributos físicos como olhos azuis, ou barriga de tanquinho, e nem pode ser considerado rico, pois apesar de viver confortavelmente, trabalha muito.
No entanto, é senhor de um charme, um cérebro privilegiado, e conta histórias de fazer inveja a Xerazade (protagonista da famosa coletânea de contos traduzida e intitulada pelo orientalista francês, Antoine Galland (1645-1715), que manteve interessado o rei Xariar, por "Mil e uma noites", contando-lhe estórias para que ele não a mandasse matar. Ela ficaria com inveja! Risos...
Fonte inesgotável de criatividade, esse homem me tem mantido sua refém, por meses, pela minha curiosidade e sua capacidade de não se repetir, quando está comigo.
Ele não faz nada inusitado. Até mesmo eu diria que tem hábitos comuns e corriqueiros, mas são as atitudes, que o diferenciam. É como se justifica, sem jamais se justificar...
É a sua presença, mesmo na ausência e, em contra partida, quando está comigo, o mundo é só meu, desde que ele seja o mundo! Só rindo...
Mas ele não faz isso de modo pequeno, não! Ele faz em si mesmo, a apoteose.
Não se permite nada menor, porque sua grandiosidade consiste em ter plena convicção de quem é. 
Apesar de conhecer suas próprias limitações, não tem limites.
Consegue convencer todos a sua volta, com o olhar ingênuo, de quem tem a malícia e a sabedoria filosófica mais intrínseca a respeito de uma existência plena.
Em outras palavras, tenho ganas de lhe torcer o pescoço e lhe mandar às 'favas', mas no momento seguinte, lá estou eu, encantada, bebendo do seu conhecimento, da sua alegria e vontade de viver, do seu ânimo inesgotável, com a habilidade de um predador, cuja presa sabe que não terá a menor possibilidade de lhe escapar.
Claro, eu não faço ideia de quando esses seus atributos, tão ímpares, vão parar de me envolver e me manter cativa a esse homem que pertence só a si mesmo, mas até lá, sigo impotente, ou pelo menos, sem a menor iniciativa de encerrar essa relação que tem o condão de me manter enfurecida como um tornado e me deixa branda como a bonança após a tempestade, em troca de um único gesto seu em minha direção, mas o certo é que acredite ou não, sou plenamente consciente dessa concessão, que faço antes de tudo, a mim mesma, porque é impossível estar ao lado dele, sem me sentir lisonjeada.
Como sempre lhe digo, ele vai me "enrolar" sempre, ah, com certeza! 
A diferença, é que eu vou dar a ele, mais trabalho para fazer isto, do que qualquer outra mulher que lhe tenha obtido o mesmo privilégio da sua companhia, porque eu enxergo exatamente como são, os seus defeitos e suas qualidades e ele pode enganar a todos, mas como eu não me engano, a mim, sempre será mais difícil.
Não sei se este é o motivo que o move a seguir comigo, mas o fato é que nós dois nos divertimos quando estamos juntos e isso deve bastar por enquanto, tanto pra ele, quanto pra mim.
Por essas e outras, ontem, não comemoramos o dia dos namorados, já que para ele, convenções como natal, páscoa e dia dos namorados, não lhe merecem dedicação alguma, mas tenho certeza, quando está ao meu lado, sabe como ninguém me presentear a cada minuto, com algo mais valoroso que um anel de diamante, pois ele vem inteiro, sem restrições e cheio de meias verdades para contar, que não se pode distinguir onde termina a história e começa a estória, mas de um encantamento único, que só os grandiosos, os inteiros, podem conceder.
E é por esse motivo, que eu permito que ele fique na minha vida, enquanto me deleito da fonte de prazer que é a sua companhia.

Boa tarde!






sábado, 11 de junho de 2011

Incomum

Ser diferente e acima da média, ser mais obstinado, mais eficiente, enfim, ser mais que a maioria das pessoas, é algo que se precisa estar disposto a enfrentar.
Isso não tem a ver com sucesso material, financeiro ou estrelato em qualquer seguimento, mas com um traço da personalidade que se apresenta como algo irreverente que vai na contramão daqueles que fazem tudo igual o tempo todo, fazendo a vida parecer patética e sem sentido.
Muitos pensam em ser quem é mais em tudo, mas poucos têm cacife para arcar com o ônus disso.
Sim, porque custa caro, é difícil, machuca, isola das outras pessoas e o pior, o diferente nunca será visto como gostaria, será e se sentirá sempre um 'estranho no ninho'.
A fábula de "O Patinho Feio" (Hans Christian Andersen), retrata isso...
Pior ainda! A maioria dessas pessoas que excedem o padrão, é apontada, desdenhada, mal compreendida, porque sua ótica não tem a mesma perspectiva.
Poucos serão acolhidos e, quando isso acontece, na maioria das vezes é temporário, porque de algum modo a diferença incomoda. O que diverge, não agrega.
Invariavelmente, a pessoa que se sobressai, sempre é questionada se todo o mundo está errado e só ela certa, o que reflete o senso de mediocridade, onde se encontra a tendência do nivelamento por baixo e que a maioria das pessoas não consegue lidar com os incomuns, porque não é uma questão de estar certo ou errado, mas é uma proposta diferenciada, melhorada, apurada em detalhes que fogem ao senso comum.
Tem mais a ver com inteligência acima da média, e capacidade de exercê-la, do que postura petulante ou arrogante, mas a interpretação desse traço, sempre é confundida (porque não basta ser inteligente, mas é preciso ter consciência de que a possui)
Vez ou outra, receberá a compreensão e anuência de alguns que lhe darão razão, até porque, nunca esses indivíduos, entendem nada mesmo... mas não raro, o excepcional estará sozinho. Isolado, apartado.
Richard Bach, em Fernão Capelo Gaivota, falou com propriedade sobre isso, na trajetória de vida daquela gaivota que não queria simplesmente aprender a voar para buscar o peixe, mas para poder sentir o vento nas penas, poder ver de cima, a beleza da natureza e se encantar com o verde esmeralda do mar. Ela queria ir além e descobriu que podia, porque desenvolveu a capacidade de pensar e teve consciência disso. Era contra a natureza da gaivota, razão pela qual, Fernão Capelo, foi execrado, desprezado pelos seus iguais... banido.
Entre os humanos, não é diferente! Persiste a necessidade que todos só 'voem para buscar o peixe' e, em contrário, então que venha o 'penhasco', porque sua natureza assim determinou.
Gente que é mais, faz mais, se destaca, obriga os que estão a sua volta, para que se sintam razoáveis em alguma coisa, a ficar em guarda em tempo integral e isso gera confronto e desconforto, porque o habitual é que não seja permitido que esse "diferente", de alguma forma, se sobressaia...
O líder natural então, sofre ainda mais, porque normalmente é confundido com o tirano, já que determina, não pede. É seguro e não precisa de permissão para seguir em frente. Segurança no outro incomoda, porque dá ao mediano a impressão de ser uma ameba gigante que não tem capacidade para pensar. 
Eisten, não foi considerado "burro" em sala de aula, sendo obrigado pela professora a usar o chapéu que representava essa condição, por ser de fato desconstituído de inteligência! Ao contrário, foi assim "rotulado", como mais tarde o mundo constatou, por ser enormemente mais inteligente que a média - e até que a própria professora!
Quem excede, não vê as coisas assim. Tem noção da proporção e equivalência dos que estão a sua volta, com relação a si mesmo.
Sofre pela incompreensão, sente medo e abandono, mas também conhece sua força interior e por esse motivo, ainda que isolado, segue seu caminho e persiste na esperança de um dia receber o reconhecimento daqueles a quem só quis ver vencer os seus demônios e próprios desafios.
Se o mediano aprender a prestar atenção aos seus pensamentos, verá que também pode sair dessa condição e se destacar, mas isso importa em fazer escolhas que a maioria não se dispõe a arcar com o preço das consqüências, então, melhor continuar na média, sem correr riscos... é assim que caminha a humanidade...
Bom dia!

terça-feira, 7 de junho de 2011

Pensamento

Nessa viagem, levo comigo as frustrações, as angústias e o medo.
Claro que também carrego otimismo e sonhos, mas sempre em menor quantidade, pois são mais pesados, mais caros.
Pesa muito a bagagem e, na medida em que a estrada se torna íngreme, também encontro outros viajantes, que como eu, trazem consigo, seus fardos.
Alguns, mais leves, outros mais pesados que os meus.
Quando cooperamos, uns com os outros, na corrida pelo êxito, observamos que recebemos algumas compensações, como alegria, leveza de espírito, afetos preciosos...
Vez ou outra, me deparo com a traição, a mesquinharia, mas ao me desviar delas, encontro acolhida e aconchego em outro errante.
Com o passar do tempo, o pensamento viaja mais pesado, mais denso, mas também, adquire o dom de enxergar os atalhos e me nortear contra as intempéries.
É uma viagem só de ida. Até porque, não há como voltar atrás. 
A cada passo dado, me distancio do ponto de partida e o que foi, jamais será novamente.
Sigo em frente, perdida, consciente da minha impotência humana, limitada pelos meus receios e por todos os sofrimentos que acumulo ao longo do percurso.
Por outro lado, enquanto sigo persistente, consolido meus ideais e me permito aprender e ensinar.
É assim que se cresce nesta vida. 
Para uns, o caminho é mais longo e a reta final, mais suave, ou não; para outros, o caminho é leve, tranqüilo, mas a viagem é breve, sem muitos obstáculos, ou eivada de grandes desafios.
O fato, é que sempre é hora de partir, hora de seguir em frente, hora de chegar, mas tão somente o caminhar.
Bom dia!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Ajuda

Quando eu preciso que alguém me ajude, eu peço ajuda.
Quando alguém toma a iniciativa de me ajudar, normalmente, me frustra e acaba machucado por mim, porque dificilmente eu aceito a ajuda espontânea e explico:
Sob o meu ponto de vista, a ajuda espontânea, na maioria das vezes, serve para atender a necessidade de quem está se dispondo a ajudar e raramente, em atender às verdadeiras necessidades do ajudado.
Quando alguém me diz que fez determinada coisa por mim, sempre olho com muitas reservas a iniciativa, pois não incomum, ela vem com a perspectiva de troca, quer pela minha gratidão e endividamento eternos ("... é, mas tal dia, fiz tal coisa por você..."), quer por meu reconhecimento ("fulano é uma ótima pessoa, fez aquilo por mim, sem que eu tivesse pedido nada. Devo tudo o que tenho a ele!").
Seja como for, entendo que a ajuda deve ser disponibilizada: "estou às ordens para o que você precisar, desde que minha capacidade para lhe atender, assim o permita."
Claro, no momento uns quinhentos mil reais na minha conta bancária ajudaria muito e, se alguém se dispuser a me ajudar espontaneamente, será uma gratidão eterna, mas... (sempre tem um 'mas'), ainda assim, existe uma gama de pequenos favores, que podem parecer insignificantes, mas são de uma valia inestimável.
Se alguém me vê descer do carro com as mãos ocupadas, num dia de chuva, tentando abrir um guarda-chuva, vem em meu socorro, sem que eu peça ajuda, essa gentileza, não tem preço; Se ao colocar as compras do carrinho do supermercado, no porta-malas do carro, aquele menino vem em auxílio, para ajudar transferir as sacolas de um para outro compartimento, também não se pode negar a valia; Se ao deixar cair as chaves de casa no portão, o vizinho se prontifica a se abaixar para pegar o chaveiro, realmente, não existe forma de agradecimento proporcional ao gesto de cortesia; Se ao ver um idoso entrar no ônibus lotado e você lhe cede o assento, isso já nem é favor algum, é obrigação.
Contudo, se tenho uma programação do meu dia e alguém me atravessa, tentando ajudar com tarefas simples, mas que não estavam no meu roteiro, certamente isso vai me tirar do eixo e vai confundir a ordem anteriormente destinada a concentrar meus esforços em outras coisas que, num primeiro momento, eram mais importantes pra mim, por exemplo, recolher a roupa do varal, ou passar um pano na casa, quando eu preciso muito mais que tal ajuda se manifeste em outra atividade, que seja ir na padaria comprar pão, ou molhar as minhas plantas.
Desse modo, entendo que a pessoa que está pensando em me ajudar, precisa primeiro, me perguntar o que eu preciso que seja feito, para que a ajuda tenha valor, tenha objetivo, pois se fizer algo que eu não preciso no momento, em vez de ajudar, estará me angustiando e atrapalhando o meu ordenamento mental, com relação ao que é prioridade para mim, naquela circunstância.
Estou hospedando um amigo de longuíssima data, que veio me visitar, para descansar e resolver conflitos de ordem pessoal. Ele é um verdadeiro cavalheiro, mas (como eu disse, sempre tem um 'mas'), por se sentir na obrigação de fazer algo por mim (sendo que só a presença dele neste momento da minha vida, por si só, é um presente dos céus), já que pensa que eu o estou ajudando, sempre acaba me atropelando e me deixando angustiada, pois me torno indelicada, já que ao tirar a mesa do café, levar a louça para a máquina de lavar, sem a menor sistematização, acaba por me tirar da minha programação e me fazer afastar do objetivo inicial, me obrigando a tirar de suas mãos a louça, por estar colocando-as de forma totalmente desordenada dentro da máquina, me impondo duas, e não uma tarefa, pois tenho que retirar toda a louça colocada inadequadamente, para recolocá-la em seguida, quando bastaria retirar os pratos e canecas da mesa, para colocar diretamente para lavar; Se ele me perguntasse o que poderia fazer para me ajudar, com certeza, eu seria muito feliz com a ajuda dele, em somente abrir as janelas da casa, para ventilar...
Parece banal, mas são exemplos que estou dando para mostrar, que nem sempre a ajuda é algo que de fato vem de encontro com as necessidades do ajudado; Antes, a ajuda vem para aplacar a ansiedade do ajudante e, em sua enorme necessidade de ser útil, quando a sua presença, já é o melhor aos meus olhos.
Deste modo, quando for me ajudar, por favor, primeiro, pergunte o que eu preciso; Depois, me informe a sua disponibilidade: 
"O que posso fazer para te ajudar, menos lavar banheiro?" E eu vou dizer que só o seu carinho em perguntar, já aqueceu o meu coração de tal modo, que não será necessário que faça nada, pois já fez tudo o que eu precisava: me deu carinho!

Boa noite!

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Regresso

Voltei!
Meu acesso estava sendo bloqueado, razão pela qual não tinha mais como escrever aqui. Já estava pensando na possibilidade de criar outro Blog, quando assim, sem mais nem menos, voltou a funcionar!
Vai entender a informatização, né? 
Meu filho, de modo peculiar e muito gentil para comigo, diz que o problema encontra-se entre o teclado e a cadeira.
Desta vez, acho que o problema foi entre o Google e o Blogger, mesmo! Rs...
Com alegria, vi que tenho novos seguidores, e os recebo com muito carinho.
A semana está agitada e, desse modo, por agora, é só!
Bom dia.


quarta-feira, 25 de maio de 2011

Desencontro

Eles se conheceram numa festa de alunos da faculdade. 
Namoraram por quase um ano.
Certo dia, próximo da formatura dele em odontologia, ele desapareceu.
Ela o esperou e procurou, por muitos e muitos dias, sem sucesso. Chorou, teve febre, mas como era jovem, levantou-se da cama e seguiu sua vida.
Nunca mais soube dele, ainda que vez ou outra, procurasse encontrar sua barba ruiva no rosto de alguém que se parecia com ele, mas era só ilusão de ótica.
Ficou noiva de outro e a data do casamento foi marcada.
Um dia, uma pessoa lhe contou, que estava indo ao dentista, quando para sua surpresa, o profissional comentou com seu colega, que ela trabalhava para os pais de sua ex noiva e complementou que achava cruel, ter sido trocado desse modo.
O coração dela pareceu congelar. Não era justo! Há poucos dias do seu casamento, ficar sabendo desse modo que ele a tinha em conta de "noiva"... 
Porque ele desapareceu, ela nunca ficou sabendo... ele nunca voltou para explicar!
Na véspera do casamento, ela via pela janela da sala, o carro dele, passando várias vezes na rua, sem parar. Chorou desesperadamente. Pensava em desistir e, como a casa estava cheia dos hóspedes que vieram para a cerimônia, seu pai pediu que ela reconsiderasse e mantivesse o casamento.
Claro que ela não contou o verdadeiro motivo que a levara a quase desistir do casamento... era tarde demais!
Os anos se passaram e, há alguns dias, ela que nunca o esquecera, conseguiu localizar um filho dele.
Soube que ele a tinha em conta de alguém superior, muito para ele e, que sentia-se constrangido ante a família dela e ficou ainda mais triste e decepcionada, porque nunca imaginou que ele se sentisse desse modo, porque ele nunca lhe falou como se sentia... e porque ela, de fato, não via essa diferença imaginada por ele...
Seu filho perguntou a ela como era o pai na juventude, fazendo-a viajar pelo tempo, relembrando o desencontro que a fez sofrer... mas agradeceu a oportunidade dessas recordações, que o tempo encarregou-se de guardar carinhosamente no coração daquela mulher de meia idade, que um dia, viveu uma linda história de amor.

Boa noite!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Dor

Conheço um médico, que escreveu um livro cujo título é:
"Não se cria galinhas para as galinhas".
É uma coletânea de diversos contos. Entre eles, tem um que me marcou, pela comparação que ele faz. 
Uma menina entra numa casa, aos berros, inconsolável à procura da sua mãe, para queixar-se que os sapatos que ela queria comprar, não foram mais encontrados na cor que ela queria. Essa menina, estava realmente desacorçoada, por isso... a ponto de não se dar conta que estava num velório.
Era tão cruel a dor dela, ante a dor da mãe, pranteando o filho morto, porque a dimensão proporcional das duas dores, a da mãe que perdera o filho e a da menina, que não conseguiu comprar os sapatos, para ambas, era dor, mas lado a lado, cada dor tinha um princípio diferente.
Nossas perdas materiais ou de oportunidades, ou até mesmo de um amor, ficam ínfimas, banais, ante a perda definitiva de entes queridos, como pais, filhos, irmãos, amigos e até nossos animais de estimação...
Hoje, minha família está enlutada e sofrendo uma dor real, pela perda precoce do Pedro, um lindo menino inteligente, meigo, doce, alegre, aos 7 anos, atropelado por um inconseqüente, que vinha em alta velocidade e não avistou o ponei e o menino, atravessando a via ou, se viu, não conseguiu frear o veículo. Não sabemos se estava ou não embriagado, porque o motorista fugiu do local, sem prestar socorro, deixando pra trás, o pai, em desespero, sem saber o que fazer com o filho morto em seus braços.
O fato é que essa dor sim, tem razão de ser e é justificável, enquanto as outras, perdem importância. Ficam sem sentido.
Nenhum pai ou mãe, deveria passar pela experiência de sepultar um filho, porque é a inversão da ordem das coisas. É uma dor que dói nas entranhas...
Mas se assim é, e deve ser porque assim tem de ser, que ao menos esses pais e mães possam ter forças para suportar essa dor que jamais se calará, jamais será amenizada. 
Que esses pais possam olhar a vida, que nunca mais terá a mesma alegria, pelo menos superando o gosto amargo que será eterno em suas bocas e que seus corações não se tornem áridos, ante a força dessa dor.
Que ao menos, não percam a capacidade de amar.
O Pedro era uma criança feliz. Então, ainda que para nosso consolo, queremos crer que esteja entre os anjos, ao lado de outras crianças, superando também o desafio de ficar longe de seus pais, avós e primos, com uma saudade infantil, que talvez ele possa compreender, porque nós, aqui, dificilmente compreenderemos.
Que você, Pedro Augusto, leve o beijo da "tivó", e fique bem guardado, em paz.
Bom dia! 

domingo, 22 de maio de 2011

Luto

Pedro Augusto (7 anos) e Vitor Hugo (4 anos)
PEDRO AUGUSTO, esse loiro lindo, ao lado do seu "tio" Vitor Hugo. A JÓIA MAIS LINDA, ENTRE OS ANJOS.
Pedro, a "tivó" vai sentir muita saudade de você! Todos nós, vamos, anjo lindo! Vá encontrar com a bisa e ficar no colo do Papai do Céu, junto com os anjos. Beijo da tivó.

Felicidade

Ganhar na Mega Sena acumulada sozinha, pode ser motivo de felicidade... mas essa é uma premissa que só quem já ganhou pode afirmar. Eu tenho minhas dúvidas, porque deve dar um "trabalhão", administrar tanto dinheiro (sem contar o "olho gordo")!
Opa, mas não estou dizendo que não quero ganhar, não! Eu quero e quero muito! Mesmo que depois, eu tenha muito trabalho para administrar, eu não me importo e jogo de vez em quando, na esperança de experimentar essa felicidade. 
Se tiver de ser, será!
Felicidade, pra mim, foi o nascimento do meu filho, ouvi-lo dizer a primeira palavra, dar o primeiro passo, superar os desafios, sorrir, pedir colo...
É o cheiro do café que o meu pai faz, quando vou visitá-lo em Uberaba... ou o sorriso no olhar do meu irmão, que é a cara do Bruce Willis...
Felicidade, pra mim, consiste em pequenas coisas do dia à dia, como poder tomar meu café, sem que a cafeteira derrame tudo, ou sem antes precisar limpar a sujeira das minhas cachorras, Anastácia e Belizária, dentro de casa... e olha que isso é raríssimo! Rs...
É identificar nos olhos do meu homem, que ele ainda me quer como me queria no começo da relação...
É me organizar para o trabalho e conseguir cumprir a agenda...
Felicidade, representa a emoção de ter visto meu filho se formando e sendo homenageado por 2.500 pessoas presentes, incluindo professores, funcionários da faculdade, juizes, promotores, delegados, colegas e pais de alunos, que o aplaudiram de pé, por seu brilhantismo e seu poder de fazer amigos...
Felicidade, é ver que meu filho consegue realizar seus projetos, por mais difíceis que sejam... e que a minha nora é esposa, mãe e nora maravilhosa...
É ver desabrochar a minha azaleia, sem que a Anastácia e a Belizária devorem o botão... (mais provável que esta seja uma felicidade impossível pra mim)...
Ou até mesmo, conseguir dormir uma noite inteira, sem acordar durante a madrugada, contorcida pelas cãibras, que me acometem com freqüência...
E eu poderia passar o dia, apontando para coisas mínimas, que me fazem feliz, como se eu ganhasse sozinha, a Mega Sena acumulada, mas não custam nada, não dependem de nada pra acontecer, só que o Universo conspire a meu favor e dizem, que quando a gente quer muito uma coisa, o Universo nos dá.
Mas me perguntando, o que eu queria mais, de verdade, observei que nunca chorei, por não ganhar na Mega Sena, mas já chorei quando o meu cachorro Teobaldo morreu, chorei quando um cacto que eu havia plantado com muito carinho, foi arrancado pelo jardineiro, choro quando a cafeteira derrama o meu café, ou quando simplesmente quero arrumar uma gaveta e ela emperra, amassando tudo o que organizei... choro por impotência, por não conseguir realizar tarefas simples, como entender o extrato da minha conta corrente...
Felicidade, ainda que efêmera, momentânea, só é, por conta da simplicidade da vida, que a gente insiste em complicar, por acreditarmos que ter vale mais que ser.
Eu quero mais é ser feliz!

Bom dia! 

sábado, 21 de maio de 2011

Antagonismo

Não sou romântica. Na verdade, penso que romântico é o homem. É ele o sedutor, o que busca nos encantar...
Mulher é sonhadora, contemplativa, meiga, suave, pegajosa, ciumenta, possessiva, generosa, carinhosa, manhosa, mas romântica... 
P'ra mim, mulher é carente pela própria natureza.
A gente nasce e morre carente!
Da mais genuína "feita p'ra casar" à executiva tempo integral, prática, determinada, sabe como? Todas somos carentes!
A gente é carente de elogio, reconhecimento. Precisamos que os outros nos digam que estamos bonitas, porque não nos basta olhar para o espelho e gostar do que vemos refletido.
A gente é carente de aprovação. É necessário que alguém nos diga que temos razão, que estamos certas naquilo que estamos dizendo, ou fazendo.
Fomos criadas para sermos inseguras e frágeis, porque mulher forte e decidida, não tem vez!
Mulher que sabe o que quer e é segura das suas convicções, é fadada à solidão, porque homem não encara, não!
Somos paradoxais, porque ao mesmo tempo, podemos brigar, chorar, amar, perdoar, fazer sexo com paixão, ou pra se livrar rapidinho da obrigação, podemos amparar o sofrimento, ou nos desmanchar em cima de alguém, berrando por atenção e carinho...
Eu, por exemplo, sou tipicamente antagônica. Na mesma hora em que sou a própria "quero colo", consigo dizer "per' ai, eu digo quando você me dá colo, se eu quiser!"
Somos o avesso do avesso, se é que dá p'ra entender...
Por mais que a gente se garanta, lá no fundo, sempre haverá uma dúvida crucial... um temor de embaraçar o cérebro e os intestinos, misturando tudo...
Eu não sou romântica, mas adoro Roberto Carlos... Não faço questão de receber flores, mas um recadinho "bobo", me deixa flutuando o dia inteiro...
Não preciso fazer viagens por lugares lindos e paradisíacos, se ele me levar pra dançar de rosto colado... vai entender?
Adoro ser quem eu sou. Mas detesto ser o que sou!
Ou seria o contrário?
Por essas e outras, vivo o antagonismo da maravilha que eu acho que é ser mulher!
Bom dia.